5 tendências da alimentação saudável para o futuro

Neste fim de semana estivemos presentes no Seminário FRU.TO, criado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Felipe Ribenboim, com a chancela do Instituto ATA. A segunda edição do evento trouxe um olhar completo sobre a comida, que pensa não só o que está em nosso prato, mas no universo de recursos, valores, e culturas envolvida na produção do alimento, além de refletir o que é alimentação saudável para nosso futuro. Veja aqui principais pontos que extraímos do evento.


Durante quase toda história da agricultura tínhamos um desafio: produzir o suficiente para acompanhar o crescimento populacional. Este quadro só mudou após as guerras mundiais com a chamada Revolução Verde, que trouxe novas capacidades produtivas para o campo. Assim, hoje, conseguimos produzir não apenas o suficiente para matematicamente alimentar todos os humanos na Terra, mas produzimos até um excedente! Então como ainda há ainda o mapa da fome no mundo?

O problema da fome nas últimas décadas deixou de ser uma questão de produção e passou a ser um problema de distribuição e consumo. Um fator importante nessa equação é o desperdício alimentar. Se o desperdício de comida fosse um país, ele seria o terceiro maior consumidor de alimentos do mundo (atrás apenas dos EUA e China). Assim, pela primeira vez precisamos mexer na equação pelo lado do consumo, não da oferta.

A maneira que também produzimos precisa mudar. Uma vez que para sustentar os hábitos alimentares que temos hoje, estamos extinguindo nossas fontes naturais. Precisamos de uma produção mais sustentável no sentido completo da palavra: que se sustente e nos sustente ao longo dos séculos.

Assim salientamos 5 tendências da alimentação saudável para o futuro

1. Comprar local
“A base da pirâmide alimentar deveria ser local”. A maior parte do desperdício de comida acontece no transporte. Quanto mais longa a cadeia produtiva, e quanto mais entrepostos entre o produtor e o consumidor, maior o desperdício (por isso aqui na Indie Taste selecionamos produtos direto do produtor). Além disso quanto mais longa a cadeia, mais poluente ela é.

2. Aproveitar integralmente os alimentos
Quando você compra um brócolis ou uma couve-flor, ela vem com as folhas? Em geral não. E você sabia que essas folhas são não apenas comestíveis, mas também da família da couve-manteiga? Somos habituados culturalmente a pensar que a couve-manteiga é alimento mas a couve que vem com o brócolis é lixo. Precisamos mudar essa lógica!

Usar os alimentos integralmente não apenas minimiza o desperdício, como exige do campo uma produção menor e com menos uso de recursos.

3) Comprar do pequeno
A revolução verde trouxe tecnologias e avanços importantíssimos para a produção de alimentos, mas é um erro pensar que a alimentação do mundo depende de grandes produções. Metade dos alimentos do Brasil vem da agricultura familiar, que ocupam apenas 17% das terras nacionais. Ou seja, é uma produção muito mais eficiente em termos de aproveitamento de nossos recursos.

4) Luxo é Sociobiodiversidade
Fala-se na preservação da diversidade ambiental, mas hoje o termo ganha uma expansão: é sociobiodiversidade. Isso porque em um mundo regido pela cultura e civilização só se mantém a diversidade de fauna e flora quando ela está vinculada às nossas economias. Como explicitou bem o chef espanhol Andoni Aduriz: “Quando morre um alimento? Quando deixamos de cozinhá-lo”.

Conseguimos preservar o açaí na medida em que começamos a consumir açaí. Pois foi neste momento que passamos a sustentar quem o produz. Quando falamos em preservar um fruto, falamos também em preservar a comunidade que produz aquele fruto, e a cultura alimentar que fica viva nas receitas que fazemos com eles:  essa é a sociobiodiversidade.

 

5) Luxo na gastronomia
Hoje estamos em um momento importante para a gastronomia. Ela ganha os olhos do mundo em programas de tv, na internet, nos restaurante. Mas se a nossa ideia de luxo gastronômico for sempre o que vem de longe, ele não se sustentará.

O chef Andoni Aduriz disse em sua palestra ao mostrar um mil folhas de acelga que ele serve em seu premiado restaurante Mugaritz: “precisamos ressiginificar o luxo. O luxo está nas ideias, no modo de fazer”. Ou seja o luxo não está no ingrediente caro, pode sim estar em ingredientes baratos, como a acelga, mas que foi pensada, passo a passo, do campo à sua mesa.

Mil folhas de acelga do restaurante espanhol Mugaritz: “O luxo está nas ideias, no modo de fazer”

Além das palestras e debates, o evento trazia produtores que compartilham dessas ideias para um futuro mais saudável na alimentação. Ficamos felizes de encontrar lá alguns de nossos parceiros, como o Manioca Brasil e o Mestiço Chocolates. Além de alimentos locais que valorizamos muito, como o mel de abelhas nativas, e a baunilha do cerrado brasileiro. Aqui na IndieTaste escolhemos parceiros que tem este respeito com cada fase da produção do alimento.

Mel de abelha nativa e extrato de baunilha do cerrado no Fru.to

Se você se interessou pelo conteúdo do Fru.to eles irão disponibilizar as palestras na íntegra em seu site  (as do ano passado já estão lá).

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